Artigo do deputado estadual Paulo Guedes publicado
no Jornal O Tempo, nesta terça-feira (9/12/14)

Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Matias Cardoso. Foto Renato LopesMinas Gerais é um estado com nome e sobrenome, mas, durante mais de três séculos, parte desta história ficou relegada. Até pouco tempo, tudo o que se sabia é que os pilares da civilização do Estado foram erguidos na cidade de Mariana, em meados do século XVII, quando bandeirantes fundaram ali a “vila do ouro”. Tal reconhecimento veio em 1979, quando foi instituído o 16 de Julho – Dia de Minas, marcado pela transferência simbólica da capital do estado para a cidade. Todos os anos, as comemorações são recheadas de pompa e ostentação, proporcionadas pelas autoridades mineiras.

Tudo compreensível e justificável até que, em 2005, começou a ser revelada a outra parte da história. Foi naquele ano que surgiu em Montes Claros, Norte de Minas, o “Movimento Catrumano”, coordenado pelo pesquisador e professor da Unimontes, João Batista Almeida Costa. O grupo, formado de pessoas e entidades da região, se empenhou no resgate de verdades que se encontravam esquecidas.

Com as pesquisas, descobriu-se que as origens mineiras estão ligadas também ao povoamento do Norte de Minas, a partir da sociedade agropastoril, que fornecia alimentos aos desbravadores que formavam a sociedade aurífera, em Mariana. É na cidade de Matias Cardoso que está a construção mais antiga do estado – a igreja de Nossa Senhora da Conceição (1664). As provas incontestáveis garantiram a revisão histórica da fundação de Minas Gerais.

A mudança na Constituição veio em 06/12/11, quando foi aprovada a Emenda nº 89, de autoria deste parlamentar, que deu a Matias o status de capital simbólica de Minas. O Dia dos Gerais, comemorado a cada 8 de dezembro, tornou-se uma das três datas magnas do calendário do Estado, juntamente com o Dia de Minas, em 16 de julho, e o Dia de Tiradentes, em 21 de abril.

O norte-mineiro se orgulha desta importante conquista, mas não é este o mesmo sentimento do atual governo do Estado. Desde que foi instituído o Dia dos Gerais, há quatro anos, o governador não comparece ao evento que é conduzido sem qualquer empenho e brilho. O que se percebe é que a data magna está sendo tratada com o mesmo descaso do Norte de Minas, absurdamente esquecido pelos governos Aécio/Anastasia. Nos últimos 12 anos, nenhum investimento relevante foi feito em toda a região.

Precisamos renovar em todos nós o espírito corajoso da matriarca do sertão, Maria da Cruz – primeira mulher a levantar a voz contra a coroa portuguesa, pela divisão mais justa de impostos. Vamos nos unir e levantar a nossa voz para exigir o tratamento que o Norte de Minas merece de todos os governos. Não permitiremos que o Dia dos Gerais torne-se mais um símbolo do descaso e  esquecimento, mas sim um marco de grandes e importantes conquistas que virão com o reconhecimento e a valorização da região na história de Minas Gerais.

Paulo Guedes é deputado estadual norte-mineiro, autor do Dia dos Gerais