Pronunciamento deputado Paulo Guedes – 10/04/13 – Plenário ALMG

Hoje (10/04), completam exatos 100 dias em que o atual prefeito de Montes Claros, Ruy Muniz, deu início ao que ele chamou de “administração revolucionária”. Disputei as eleições municipais em 2012, nos dois turnos, e recebi a expressiva votação de 82.478 votos, mas, neste momento, não falo mais como oposição e sim como cidadão que conhece os problemas de Montes Claros e deputado majoritário do Partido dos Trabalhadores na região, que tem o compromisso com o desenvolvimento da cidade.

É verdade que 100 dias ainda são insuficientes para as obras mirabolantes prometidas durante a campanha eleitoral. Sabemos que não é fácil arrumar uma “Casa” do tamanho da Prefeitura de Montes Claros, com todos os problemas herdados de uma administração falida.  ainda é cedo para cobrarmos o trem-bala, o asfaltamento de 100% das ruas da cidade, a construção do Mocão, a inauguração de uma obra relevante a cada mês, o projeto Educação em Tempo Integral em todas as escolas, o passe-livre universal, o acréscimo de R$ 20,00 no valor do Bolsa Família, escolas, hospitais etc. Embora a maioria dessas ações tenha sido prometida para os primeiros meses de mandato, as soluções “milagrosas”, que iriam resolver os problemas de Montes Claros, não apareceram. Portanto, vamos ficar no campo da realidade. Queremos cobrar  do prefeito Ruy Muniz apenas o básico para o bom andamento do município.
 
Comecemos pela Saúde. O caos instalado nessa área é o retrato da continuidade de administrações que não deram certo. Os problemas são os mesmos e pioram a cada dia. O corte da verba destinada ao pronto socorro do Hospital Aroldo Tourinho provocou o fim dos serviços de ortopedia e traumatologia e cirurgia geral do hospital, engrossando a fila nos corredores da Santa Casa e do Hospital Universitário.

A solução para a falta de medicamentos ganhou espaço até em horário nobre de emissora de televisão, mas o problema permanece. A Prefeitura descumpre ordem judicial, pois até mesmo as pessoas que tiveram seus direitos adquiridos na justiça estão sem remédios.

A coleta de lixo ainda é um problema sério; as ruas estão cheias de buracos e as praças continuam abandonadas. Montes Claros é uma cidade bonita, de povo trabalhador, e precisa ser tratada com carinho, mas ela está maltratada.

Ruy Muniz prometeu a construção de cinco centros culturais e o que vimos foi o fechamento da Secretaria Municipal de Cultura e uma excessiva fiscalização da Lei do Silêncio, que tem revoltado músicos, ativistas culturais e empresários do setor de bares e restaurantes.

O atual prefeito disse também que daria tratamento rígido às empresas de ônibus coletivo, exigindo melhorias na qualidade da frota, melhorias dos serviços. Prometeu que iria trabalhar para reduzir a tarifa, e o que nós vemos agora é justamente o contrário. É o perdão da dívida das empresas e o aumento no preço da passagem, que passou de R$ 2,10 para R$ 2,40 – um valor que pesa no bolso da população que usa o péssimo serviço na cidade. A dificuldade em viabilizar, imediatamente, o passe-livre universal – outra promessa sustentada por Muniz durante sua campanha – é até compreensível, mas, aumentar a passagem no ano em que a região é assolada pela maior seca dos últimos 50 anos, é inadmissível.

Como se não bastasse, a população de Montes Claros que frequenta o restaurante popular, vai pagar mais caro pela refeição. É que o prefeito não renovou o contrato com a empresa responsável pelo serviço e a prefeitura vai assumir a gestão da unidade, e já fala em aumento no preço da refeição, de R$ 1,00 para R$ 2,00.

Ruy Muniz dizia que não dispensaria nenhum funcionário contratado da prefeitura e que eu o faria, caso fosse eleito. E qual foi a primeira medida do atual prefeito? demitiu 4.800 funcionários – muitos deles, pais e mães de família – alegando enxugamento da máquina e economia para o município.  Com isso, o prefeito conseguiu economizar cerca de R$ 8 milhões na folha de pagamento, mas, cadê esse dinheiro? não  poderia ser investido no serviço de tapa-buracos?  

Grandes obras do Governo de Minas ainda estão longe da realidade de Montes Claros. Ruy Muniz e o governador Anastasia prometeram aproximar a relação Estado/Município, com o intuito de atrair recursos para o Montes Claros, mas até agora o governo do estado não compareceu. Em visita recente à cidade, nada foi anunciado. E essa dívida é antiga. Nesses 10 anos, Aécio e Anastasia devem muito ao Norte de Minas e especialmente a Montes Claros, que não tem uma única obra relevante do governo tucano.  

100 dias de Governo! Dei o tempo que o prefeito precisava, mas estou sendo cobrado pelos eleitores que depositaram em mim o seu voto de confiança. Assim como toda a cidade, percebo que que não existe uma mudança aparente, e por isso quero dar a minha contribuição e, ao mesmo tempo, ser um porta-voz da população. Apesar de termos sido adversários nas urnas, as eleições acabaram e o que queremos discutir agora é o desenvolvimento da cidade considerada a capital do Norte de Minas. Portanto, coloco o meu mandato à disposição do prefeito Ruy Muniz, bem como de todos os prefeitos da região, para ajudar no que for necessário na interlocução com o governo federal, mas a busca por recursos requer planejamento e bons projetos.

A administração está no continuísmo e Montes Claros precisa de ação efetiva e de renovação.

Paulo Guedes
Deputado Estadual