A instalação da primeira Comissão Parlamentar de Inquérito na ALMG, depois de oito anos, é um bom sinal. A CPI da Telefonia será importante não apenas para apurar a responsabilidade por danos ao consumidor na prestação inadequada de serviços, ela pode representar, também, o início de um novo tempo na Assembleia Legislativa de Minas.     
    
Até então, o que se praticava na Casa era o interesse do governo Aécio/Anastasia. Portanto, a explicação para o baixo índice de comissões de inquérito abertas é política. Como a maioria dos deputados compõe a base do governo, os pedidos de CPI acabavam sendo arquivados.
    
Por enquanto, os deputados da situação falam em investigar apenas as operadoras que atuam no Estado, mas, como uma CPI requer uma apuração minuciosa, será inevitável os tucanos escaparem das acusações. A começar pelo Minas Comunica, um programa criado pelo Governo do Estado, numa Parceria Público-Privada (PPP), envolvendo as operadoras de telefonia móvel, que movimentou R$ 282 milhões – recursos que vieram de empréstimos bancários contraídos pelo governo. Em agosto de 2008, Aécio Neves, ainda como governador, anunciou que 100% dos municípios mineiros teriam sinal de telefonia celular.
    
Em 2009, a Procuradoria Geral da República (PGR) entrou com ação direta de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF) e pediu a interrupção do Minas Comunica. A PGR questionou a Lei nº 16.306/2006, que criou o Fundo de Universalização do Acesso a Serviços de Telecomunicações em Minas Gerais para dar suporte financeiro às ações.
    
A CPI da Telefonia vai durar cerca de 120 dias. Ao final, a população espera como principal resposta o fim da mordaça imposta pelo governo tucano e o grito de independência na política mineira.