Mais de 80% dos crimes ocorridos em Januária e municípios vizinhos do Norte de Minas têm ligação com o consumo de drogas. Essa estatística foi informada pela juíza diretora do Foro da comarca, Karen Castro dos Montes, durante audiência pública realizada na cidade na terça-feira (3/9/13) pela Comissão de Prevenção e Combate ao Uso de Crack e outras Drogas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A comarca envolve, além de Januária, os municípios de Bonito de Minas, Cônego Marinho, Itacarambi e Pedras de Maria da Cruz. A reunião foi solicitada pelo deputado Paulo Guedes (PT).
“O viciado rouba, mata, estupra – tudo em função da droga. Há briga de gangues ligadas às drogas. Em Januária já há essa realidade”, contou a juíza. Ela enfatizou que o município está se organizando para lidar com a situação e destacou o trabalho em equipe que vem sendo realizado. “A redução da criminalidade aqui se deve à atuação integrada dos vários atores, e não ao fato de não haver droga”, acrescentou.
O deputado Paulo Guedes falou que o crack tem tirado o sono das autoridades e famílias em Januária. “Já avançou para a zona rural e para regiões que não pensávamos antes”, disse. Ele ressaltou que a audiência é uma forma de refletir sobre a questão e unir esforços para o combate. “Toda a sociedade deve se atentar”. Paulo Guedes falou ainda que a reunião é também uma forma de cobrar do Estado mais investimentos em segurança pública na região. “Falta de combustível até pessoal. Também não há patrulha rural”, afirmou.
Fragilidade – O prefeito de Januária, Manoel Jorge de Castro, ressaltou que a extensão territorial do município é outro problema para o combate às drogas. “No distrito de São Joaquim, há uma porta de entrada para as drogas. A presença da polícia nesse local inibiria a chegada de drogas que vem de Brasília”, falou. Para ele, as Polícias Civil e Militar e outros atores fazem tudo o que podem para lidar com a situação.
O delegado regional da Polícia Civil, Raimundo Nonato Gonçalves, apresentou números referentes à apreensão de drogas na região e contou que há, na Polícia Civil, problema com a falta de pessoal e de estrutura para combate às drogas, apesar de haver uma delegacia especializada.
Requerimentos de providências foram aprovados
Durante a reunião, foram aprovados seis requerimentos para que sejam encaminhados ofícios com pedidos de providências. Um deles é dirigido ao governador do Estado, ao secretário de Estado de Defesa Social e ao chefe da Polícia Civil, pedindo o aumento do efetivo da Policia Civil nos cargos de escrivão, perito e investigador. Também para essas duas autoridades, foi aprovado requerimento de providências no sentido de destinar novas viaturas para Januária e designar mais médicos legistas para atuarem no posto de perícia integrada do município.
Outro requerimento aprovado é destinado ao secretário de Estado de Defesa Social, solicitando providências para agilizar a implantação, em Januária, de um centro de internação de adolescentes.
Além disso, outra demanda para o secretário de Estado de Defesa Social e para o comandante-geral da Polícia Militar diz respeito à implantação de um posto policial no distrito de São Joaquim.
Outros pedidos de providências aprovados são dirigidos ao secretário de Estado de Saúde, para a implantação em Januária de um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps-AD) e à Defensoria Pública do Estado, para que sejam designados defensores públicos para a comarca.
Participaram da audiência os deputados Rogério Correia (PT), Tadeu Martins Leite (PMDB), Vandelei Miranda (PMDB), Arlen Santiago (PTB) e Duarte Bechir (PSDB). Além do prefeito Manoel Jorge, deram depoimentos o delegado regional da Polícia Civil, Raimundo Nonato Gonçalves, o comandante do 30º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Geraldo Welington Gonçalves, a assistente social do Programa Liberdade Assistida da prefeitura de Januária, Adriana Gonçalves Ribeiro, e o presidente da subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Januária, Sidnei Magalhães Pereira.
Fonte: Assessoria ALMG
Foto: Raíla Melo