Artigo do deputado Paulo Guedes, publicado na edição desta sexta-feira (7/2), no Jornal O Tempo, de Belo Horizonte.
A construção do Porto de Mariel, em Cuba, é o novo alvo dos brasileiros especialistas em pessimismo. Mas, ao disseminar um discurso baseado na má fé ou no desconhecimento, a oposição dá um tiro no próprio pé e se revela incapaz de dominar o jogo da política externa. O governo brasileiro tem interesses econômicos em Cuba, por isso, investir naquele país é uma decisão estratégica. Hoje, é grande a inserção econômica do Brasil na América do Sul, e ampliar esse alcance para o Caribe é uma oportunidade que foi aberta a partir dessa parceria, que vai muito além da construção do porto.
Mas, antes de falar sobre as vantagens dessas relações bilaterais, é preciso esclarecer que o governo brasileiro não “doou” 682 milhões de dólares à Cuba, como estão dizendo por aí. Os recursos foram emprestados e são oriundos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que é um banco brasileiro a serviço dos interesses do país, aqui e no exterior.
O valor do financiamento corresponde a 85% do custo da obra, que totalizou 957 milhões de dólares. E nessa negociação o Brasil saiu ganhando: o porto foi construído pela Odebrecht, que é uma empresa brasileira. Do total investido, pelo menos 802 milhões de dólares foram gastos na compra de bens e serviços comprovadamente brasileiros. Essa medida beneficiou cerca de 500 empresas e gerou algo em torno de 156 mil empregos diretos e indiretos no Brasil.
Os motivos citados acima já deixam claras vantagens dessa parceria, mas os interesses do governo brasileiro vai além. A presidenta Dilma quer que o Brasil se torne “parceiro econômico de primeira ordem” de Cuba. Na última década, as exportações brasileiras para a ilha quadruplicaram e a tendência é de alta, já que ali existe um mercado em potencial. Atualmente, cerca de 300 empresas brasileiras já estão instaladas na zona portuária de Cuba.
Outro ponto favorável ao Brasil é a localização do Porto de Mariel – a menos de 150 quilômetros dos Estados Unidos, que é o maior mercado do mundo. O embargo norte-americano a Cuba pode cair a qualquer momento e quando isso acontecer Cuba será estratégica para as companhias brasileiras devido à sua posição geográfica.
Investir em Cuba só traz benefícios ao Brasil e não tira dos portos brasileiros os investimentos que são necessários. O problema no Brasil não é a falta de recursos, mas sim a burocracia e a falta de bons projetos para a execução de grandes obras. Ainda temos muito o que aprender e avançar, e para isso vamos buscar todas as oportunidades.
Paulo Guedes
Deputado Estadual – PT