*Paulo Guedes
         
Em 06/12/11, o Norte de Minas teve uma das mais importantes conquistas de sua história. Com a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 21/11, de minha autoria, o município de Matias Cardoso ganhou o status de capital simbólica de Minas. O Dia dos Gerais, comemorado a cada 8 de dezembro, é uma das três  datas magnas do Estado, quando a sede do governo é transferida para a cidade de Matias Cardoso, pelo prazo simbólico de 24 horas.
         
A mudança na Constituição é o reconhecimento do destaque histórico que o município teve na formação das primeiras povoações de Minas Gerais. Além de abrigar a construção mais antiga do estado – a igreja de Nossa Senhora da Conceição, erguida entre 1670 e 1673 -, Matias Cardoso foi também a primeira freguesia no período colonial.
         
As provas incontestáveis que garantiram a revisão histórica da fundação do Estado surgiram após inúmeras pesquisas do Movimento Catrumano, coordenado pelo professor e pesquisador, João Batista Almeida Costa. Com base em documentos oficiais produzidos pela administração portuguesa na Colônia e também considerados outros registros feitos por viajantes e estudiosos da época, descobriu-se que as origens mineiras estão ligadas à conquista e povoamento do Norte e Vale do Rio São Francisco.
         
A história Minas Gerais está sendo recontada não apenas nos livros, mas na vida de cada cidadão norte-mineiro, que se orgulha da importância da nossa região na formação e no desenvolvimento do Estado. Mas, não é esse mesmo sentimento que manifesta o governador Antônio Anastasia, que há três anos falta ao evento que comemora uma das três datas máximas do calendário de Minas Gerais. Assim como ocorre em Ouro Preto (21 de abril, Dia de Tiradentes) e Mariana (16 de julho, no chamado “Dia de Minas”), o Dia dos Gerais deve ser comemorado com todas as honras que a data merece.
         
Por que tratar Matias Cardoso diferente de Ouro Preto e Mariana, onde também são celebradas as datas magnas? Talvez seja porque o município está localizado no extremo Norte de Minas, absurdamente esquecido pelo atual governo do Estado. Nos últimos dez anos, nenhum investimento relevante foi feito na região. E quando teve a oportunidade de garantir um benefício importante aos municípios mais carentes, o governador Anastasia não o fez.
         
Recentemente, tramitou na Assembleia Legislativa o projeto de lei para a redistribuição do ICMS Ecológico do estado. Depois de aprovada por unanimidade pelos deputados, a proposição foi vetada pelo governador. Aquela que seria uma grande conquista para os municípios do Norte de Minas, tornou-se numa grande frustração, pois, mais uma vez, os tucanos demonstraram que governam apenas para os ricos. Um outro exemplo é Montes Claros. Há mais de dez anos, a maior cidade do Norte de Minas e a sexta maior do Estado não recebe qualquer investimento do governo de Minas, que mereça destaque.
         
Precisamos renovar em todos nós o espírito corajoso de Maria da Cruz, que foi a primeira mulher a levantar a voz contra a coroa portuguesa, pela divisão mais justa de impostos. Que essa história não se adormeça na nossa história e em nossos nossos corações. Vamos nos unir, cada vez mais, para exigir o tratamento que o Norte de Minas merece de todos os governos, seja ele federal ou estadual. Precisamos levantar a voz dessa região: cobrar a restauração da igreja de Nossa Senhora da Conceição, a ponte sobre o Rio São Francisco e todos os investimentos que o nosso povo merece.
         
Não podemos permitir que o Dia dos Gerais seja um símbolo do descaso e do esquecimento do governo de Minas, como aconteceu nos últimos três anos. E chegará o dia em que o 8 de dezembro será marcado não apenas como uma data histórica, mas também pelas grandes  e importantes conquistas que virão com o reconhecimento e a valorização do Norte de Minas e do seu povo na história do nosso Estado.

*Paulo Guedes é norte-mineiro e deputado estadual pelo PT